Frustração no Fórum de São Lourenço da Mata. Por volta de 11h30, quase duas horas após o início dos trabalhos, o juiz Djaci Salustiano de Lima decidiu adiar o julgamento do caso Jennifer, quando deveriam ser submetidos a júri popular quatro dos cinco acusados pelo crime

: Pablo e Ferdinando Tonelli, viúvo e sogro da vítima, respectivamente, Alexsandro Neves dos Santos, autor dos disparos, contratado pelos mandantes e Delma Freire (sogra da vítima), única dos quatro que não confessou participação no crime.

A nova data foi marcada para 27 de julho. A decisão do juiz foi tomada depois que o advogado de defesa de Delma Freire, José Carlos Penha, apresentou um requerimento para a realização de uma segunda verificação mental da cliente. Isso porque, segundo ele, haveria dúvidas sobre a sanidade da ré, fato levantado por uma declaração da delegada Gleide Ângelo em entrevistas à imprensa e supostamente confirmado por um atestado da Comissão de Prima Instância da Itália, que a teria classificado como paciente de transtorno bipolar, com episódios depressivos recorrentes cuja capacidade de trabalho teria que ser reduzida 74%. O fato, inclusive, teria sido suficiente para que ela viesse recebendo pensão por invalidez no país.

Penha solicitou, com sucesso, a transferência de Delma Freire ao Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) para verificação da insanidade, onde ela deve ser mantida até o resultado do exame, previsto para ser concluído em um prazo de 45 dias. Em um dos momentos mais tensos da audiência, a defesa solicitou que os exames da ré não demandassem sua permanência em um Manicômio Judiciário, uma vez que o local seria repleto de ‘loucos’. Diante das risadas da plateia, o juiz Djaci Salustiano garantiu que, em caso de concordar com a solicitação de verificar a suposta insanidade, ela seria conduzida ao Hospital, o que gerou aplausos em reação. Nesse momento, a defesa chegou até mesmo a pedir a imputação dos 25 jurados presentes, o que foi negado.

Diante do artifício utilizado, a filha de Delma, Roberta Freire, perdeu a cabeça e, comovida, pediu o afastamento do advogado de defesa da mãe. “Ela ia falar a verdade, foi ele (Penha) que a impediu. Ele não vai estar mais no caso”, disse. A própria Delma Freire afirmava que o adiamento não era o desejado e, em italiano, dizia que queria falar “a verdade, a verdade”. Em um momento da audiência, mãe e filha tiveram um momento de discussão, que não foi acompanhado pela plateia, logo depois que Delma passou mal e teve que ser atendida por médicos de plantão.

Os advogados, Andre e Marcio Antoni e Rodrigo de Oliveira, solicitaram o julgamento imediato de seus clientes, Pablo e Ferdinando Tonelli, pedido contestado pela promotoria. De acordo com o promotor André Rabelo, seria necessário o adiamento do processo, de forma a permitir que todos os envolvidos sentassem, juntos no banco dos réus, sem demandar a sucessiva ouvida das testemunhas, os delegados do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Gleide Ângelo e Alfredo Jorge, e, em caso de Delma ser considerada, sã, garantir que seu depoimento fosse ouvido pelo júri. “Desmembrar o julgamento apenas atrapalharia o nosso trabalho. Temos provas densas e testemunhas, sabemos com o que estamos lidando. Dessa forma, a promotoria seria prejudicada”, afirmou.

Ao fim da sessão, o juiz Djaci Salustiano negou os pedidos de ambas as partes. Da defesa, que solicitou que, em caso de adiamento do julgamento, houvesse relaxamento de prisão de Pablo e Ferdinando Tonelli e da promotoria, que pedia a prisão de Dinarte Dantas Medeiros, único envolvido no caso que está sendo julgado separadamente, e teria participado com a compra da arma e contratação do serviço de um pistoleiro. Foi alegado que ele não estaria apto à delação premiada, uma vez que não colaborou com as investigações e Ministério Público como havia se disposto, mas o argumento não foi acolhido.

A prisão de Dinarte foi solicitada pela promotoria, pois, segundo o MPPE, o réu se recusou a colaborar, descumprindo um acordo firmado anteriormente, o que caracteriza o impedindo o cumprimento da lei. “Não seria justo a manutenção da liberdade de acordo com o artigo 312 do código de processo penal”, disse Rabelo.

Na saída dos acusados do Fórum de São Lourenço da Mata, no veículo do sistema penitenciário, várias pessoas se aglomeraram na parte de trás do prédio. A polícia manteve os curiosos afastados para a saída do furgão do local, devidamente escoltado, e fechou o trânsito. Muitas pessoas se aglomeraram para tentar ver e até mesmo filmarem os acusados.

Crime – A alemã Jennifer Marion Nadja Kloker foi assassinada há um ano e três meses. Em fevereiro do ano passado, ela foi morta com três tiros no tórax, às margens da BR-408, próximo ao Terminal Integrado de Passageiros (TIP), no Curado.
Delma Freire, apontada pela Polícia Civil como mentora intelectual. De acordo com as investigações, o crime teria sido motivado pela existência de um seguro de vida milionário em nome dela e que beneficiaria o sogro Ferdinando Tonelli.

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