O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, espera concluir a votação da segunda denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, até outubro. “Tem de esperar para ver quando o texto sai da comissão [CCJ]. Dependendo do dia, pode votar antes ou depois do feriado [de 12 de outubro]. Mas durante o mês de outubro certamente esta matéria estará resolvida”, afirmou Maia em entrevista ontem à noite ao jornal Estado de São Paulo.
Ontem, a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu enviar à Câmara a segunda denúncia feita contra Temer pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Temer é acusado de organização criminosa e obstrução da Justiça. Em nota, o Palácio do Planalto rechaçou as acusações.
“Eu vou ficar bem distante desse assunto, não vou conversar com nenhum deputado, não vou omitir mais nenhuma opinião. Na primeira denúncia a minha opinião foi mal interpretada pelas pessoas que falam demais no Palácio [do Planalto]. Então agora eles terão de mim o silêncio absoluto. Nenhuma opinião nem contra nem a favor”, disse Maia.
As declarações foram dadas após o presidente da Câmara ter criticado duramente o governo, chegando a falar em “facada nas costas”. “Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é ser adversário”, acrescentou Maia.
O motivo da insatisfação foi a articulação feita pelo partido do presidente, o PMDB, a fim de levar o senador Fernando Bezerra Coelho, ex-PSB, para a legenda. Romero Jucá, presidente da sigla, tocou as negociações. O DEM trabalha para receber dissidentes do PSB e aumentar a bancada do partido.
O ataque de Maia gerou preocupação no Planalto, ainda mais às vésperas de a Câmara receber a denúncia contra Temer. O governo está consciente de que, em véspera da votação da segunda denúncia, deve tentar diminuir o clima de insatisfação dos aliados.
Ainda na noite de ontem (20), Maia participou de um jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), suspensa do partido e uma das principais críticas de Michel Temer. O jantar também contou com outros críticos ao governo, a exemplo do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do deputado da oposição Orlando Silva (PCdoB-SP).