A tradição junina é marcada por diversos símbolos típicos da época: fogueira, balão, quadrilha, bandeirinhas… Conheça a seguir o significado de cada um:
Fogueira
Vem do pré-cristianismo, era utilizada pelas comunidades agrárias para comemorar a fertilidade, tanto da terra como humana. De acordo com a historiadora Cármen Lélis, o cristianismo foi se apropriando deste costume. “[A tradição] veio da Europa já cristianizada, no cristianismo tem reação com Maria e Isabel, que quando o filho dela [de Isabel] nascer ela faz a fogueira para Maria saber que o menino nasceu”, explica.
Fogos
Invenção chinesa, os fogos foram trazidos ao Brasil pelos portugueses, que os utilizavam nas festas joaninas – que homenageavam reis com o nome de João. “Os portugueses gostavam muito, foi um dos países que mais trouxe esta invenção para cá. Era muito usado no processo de catequese dos índios, pois era uma atração a mais”, explica Lélis.
Bandeiras e balões
As bandeiras surgiram a partir de modelos medievais de flâmulas, que se faziam nas festas religiosas na Idade Média, época em que a Igreja Católica era soberana, muito respeitada pelas famílias feudais. Os balões também chegaram no Brasil através da Europa, segundo Lélis, e eram utilizados em determinadas festas da realeza. A origem é oriental.
Simpatias
As simpatias a Santo Antônio, o Santo Casamenteiro, surgiram do catolicismo popular. “Plantar bananeira, pular fogueira, são situações que vão sendo tradicionalizadas e incorporadas no processo de catequese. Não é uma coisa cristã, mas vai se mesclando com a igreja, é interessante para ela porque incorpora as tradições e mantêm os fiéis”, explica Carmen.
Quadrilha
Segundo Lélis, a dança foi recebida como herança de Portugal, onde se dançava nos salões. A regra era dançar em pares, virados para frente em fileiras. A palavra vez do francês “quadrille”. Após se popularizar, chega ao campo e volta para a cidade caricaturada. “Aqui, vai chegar caricaturado, mais para achar graça. Depois este pensamento de preconceito vai ficando para trás e a dança se incorpora à tradição”, explica.
Matuto
A caracterização do caipira apareceu a partir de uma visão dos moradores da cidade com relação às pessoas do interior. “É uma coisa mais preconceituosa que aparece nos anos 30, quando são feitas festas jocosas, danças pejorativas. Na verdade, o colorido e os enfeites vem da área rural, das regiões agrárias. São roupas bonitas, não é feio, rasgado, ridículo, como era retratado”, afirma a historiadora.