Barroso: momento é difícil, mas ‘filme’ dos últimos 30 anos é bom

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou, nesta terça-feira (19), durante palestra no Rio de Janeiro, que não vai se deixar levar pela “onda de negatividade” no Brasil. “A fotografia do momento é complexa e difícil, mas o filme da nossa história em 30 anos ainda é bom”, disse.

O magistrado listou o que considera serem grandes conquistas das últimas décadas. “Em uma geração, derrotamos uma ditadura, a hiperinflação e conseguimos derrotar a pobreza extrema.”

As afirmações foram feitas durante um congresso do setor de seguros, no qual realizou palestra sobre o momento institucional brasileiro.

Para Barroso, a corrupção brasileira é sistêmica e endêmica, e não fruto de falhas individuais. “A corrupção foi se aprofundando a ponto de se criarem esquemas profissionais, de arrecadação e de distribuição que envolviam agentes públicos e privados, empresas estatais e privadas, partidos políticos, membros do Congresso Nacional Foi um fenômeno que se irradiou de maneira muito abrangente. A tal ponto de ter sido naturalizado o que é errado. As pessoas deixaram de perceber a gravidade do que faziam. […] Houve um pacto oligárquico feio no Brasil, de saque ao Estado”, afirmou.

Ainda de acordo com o ministro, o país precisa “desesperadamente” de uma reforma política, mas disse não acreditar que ela sairá. Segundo ele, a reforma baratearia o custo de eleição, entre outros fatores.

O ministro do STF participou recentemente de encontro na Universidade Yale (EUA) com juízes de supremas cortes de vários países. Segundo ele, houve demonstrações de admiração em relação à forma como o problema da corrupção tem sido combatido no Brasil.

“O problema da corrupção foi extremamente profundo e abrangente. Poucos países no mundo tiveram coragem de enfrentar um problema com este grau de dramaticidade, atingindo os escalões que este enfrentamento tem a atingir, com a coragem, determinação e empenho que estamos fazendo isso no Brasil. É admirável.”

Barroso afirmou ainda que “não tem uma visão punitiva da vida” e que não é a favor da “mudança do mundo” por meio do direito penal, com exacerbação de penas e com excessiva tipificação de delitos.

“Temos um direito penal absolutamente ineficiente, incapaz de enfrentar a criminalidade do colarinho branco, que criou um país de ricos delinquentes. As pessoas são honestas ou não são honestas se quiserem ou se não quiserem. Nós nos perdemos nesse caminho. Esta é a triste verdade.”

NOVA PROCURADORA

Barroso afirmou, nesta segunda-feira (18), não acreditar que a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, irá frear as investigações da Operação Lava Jato, mesmo tendo sido indicada pelo presidente Michel Temer.

Na saída da cerimônia de posse da nova chefe do Ministério Público Federal, ele disse que ninguém que chega a essa posição deve favor a quem lhe indicou, já que não vive “para prestar favores”. Ela assume o posto no momento em que o presidente foi denunciado sob acusação de obstrução da Justiça e organização criminosa.

“A doutora Raquel Dodge tem uma história de vida e as pessoas quando chegam nessas posições vivem para a sua própria biografia, não para prestar favores. Quem é alçado a um cargo desses, claro que pode ter reconhecimento pela autoridade que nomeou, mas o compromisso é com o país e não com essa autoridade”, disse. Com informações da Folhapress.

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