Não é que os brasileiros estão ingerindo menos de 1/3 dos alimentos recomendados para a prevenção do câncer? É o que mostra a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 28 de julho. Como mostram os dados da POF, o consumo diário de frutas, legumes e verduras é de apenas 126,4 gramas – menos de um terço dos 400 gramas mínimos recomendados para se prevenir o câncer.
O Fundo Mundial para Pesquisa contra o Câncer (WCRF, sigla em inglês) e o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimam que, se a população brasileira passasse a consumir diariamente 400 gramas (no mínimo) desses alimentos, um em cada três casos de câncer de cavidade oral (boca, faringe e laringe), um em cada três casos de câncer de pulmão e um de cada quatro casos de câncer de estômago deixariam de ocorrer.
O relatório Políticas e ações para a prevenção do câncer no Brasil ressalta que a combinação da alimentação saudável e da atividade física é capaz de prevenir 63% dos casos de câncer de boca, faringe e laringe, como também 60% dos tumores de esôfago e 52% dos casos em que a doença atinge o endométrio.
O nutricionista Fábio Gomes, da área de alimentação, nutrição e câncer do Inca, destaca outro dado preocupante do estudo do IBGE: a presença de 523 gramas de carne vermelha na mesa dos brasileiros toda semana. “De acordo com as informações de consumo alimentar individual, 7% dos casos de câncer de cólon e reto (intestino grosso) poderiam ser evitados se a média de consumo semanal de carne vermelha fosse inferior a 500 gramas”, diz Fábio.
Conforme os estudos do Inca, as carnes (incluindo peixes e aves) salgadas e processadas também deveriam ser evitadas para prevenir o surgimento de cânceres de estomago, cólon e reto, que estão entre os cinco mais incidentes na população brasileira. O consumo dessas carnes é atualmente de 100 gramas por semana, segundo a POF.
O alto teor calórico em alimentos de pequeno volume, como biscoitos, assim como a ingestão em demasia de bebidas açucaradas, como refrigerantes e refrescos artificiais, estão diretamente ligados ao ganho de peso e propensão à obesidade, que aumentam o risco dos cânceres de esôfago (23%), pâncreas (18%), vesícula biliar (10%), cólon e reto (5%), mama (14%), endométrio (29%) e rim (13%).
“Uma família de quatro pessoas, por exemplo, consome semanalmente um quilo e meio de guloseimas e mais de seis litros de refrigerantes e refrescos adoçados, o que tem contribuído de modo relevante para as estatísticas de excesso de peso”, frisa Fábio.
Estimativas do Inca revelam que, só até o fim de 2011, quase meio milhão de pessoas deverão receber o diagnóstico de câncer no Brasil. Desse total, as mulheres estão no topo do ranking, com cerca de 253 mil casos (52%), contra os 236 mil casos estimados para os homens.
Por CausaSaudavel