Especialistas ouvidos pela Agência Brasil consideram que, embora modesto, o crescimento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas produzidas pelo país) no segundo trimestre deste ano indica que o país começa a deixar para trás a recessão econômica, mesmo que o indicador ainda acumule retração de 1,4% ao longo do último ano.
Os dados divulgados hoje (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, somados, os bens e serviços produzidos totalizaram, em valores correntes, R$ 1.639,3 trilhões – contra R$ 1,6 trilhão de janeiro a março.
Para especialistas, o resultado positivo entre abril e junho também ajuda a consolidar a tendência verificada no primeiro trimestre do ano, quando, favorecido pelos bons resultados da agropecuária, o PIB cresceu 1%, interrompendo dois anos de quedas consecutivas.
“Depois de um longo período de quedas sucessivas, já conseguimos enxergar uma mudança de tendência. Por isso, já se fala que o país está saindo da recessão e imaginamos fechar este e o próximo ano com saldos positivos”, disse o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Ronaldo Souza Júnior,
Dos resultados divulgados pelo IBGE, Souza Júnior destaca que as despesas de consumo das famílias cresceram 0,7%. Apesar de pequena, a alta interrompeu um período de nove semestres consecutivos de queda.
Mesmo no primeiro trimestre deste ano, quando o resultado do PIB, no geral, foi positivo, o consumo familiar não apresentou bom resultado. De acordo com o IBGE, o comportamento dos consumidores foi positivamente influenciado pela desaceleração da inflação, redução da taxa básica de juros e pelo crescimento, em termos reais, da massa salarial.
“O consumo das famílias tende a ter um bom desempenho porque, com a redução da inflação, a renda melhorou; os níveis de endividamento das famílias e de inadimplência vêm caindo significativamente; houve a injeção de dinheiro [na economia] proveniente da liberação de recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Tudo isso abre espaço para um aumento do consumo, que é o que aguardamos”, acrescentou.
Já o dado negativo, para Souza Júnior, continua sendo a retração da atividade na construção civil. Segundo o IBGE, nos quatro trimestres terminados em junho de 2017, o setor somou uma queda de 6,4% em comparação ao período anterior. Foi o pior resultado entre 12 macrosetores analisados.
“A construção civil continua em queda e está puxando para baixo o indicador de investimentos – que tanto serve para criar capacidade produtiva como para repor depreciação, e que vinha tendo uma melhora graças à compra de máquinas e equipamentos”, explicou o economista, lembrando que o estoque de imóveis em oferta tem retardado a retomada da construção civil.