Estudo aponta infecção por zika durante 17 meses em criança

Um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra um cenário até então desconhecido na literatura sobre o vírus zika. A pesquisa traz dados sobre a persistência do vírus no organismo de uma criança com microcefalia durante o período de 17 meses. Apesar de a infecção prolongada ter sido confirmada em apenas um indivíduo até o momento, o resultado é motivo de preocupação entre os especialistas.

O menino nasceu em setembro de 2015, no Recife, com perímetro cefálico de 29,5 centímetros. A mãe, uma mulher de 44 anos, apresentou um quadro febril, seguido de dores de cabeça, nas juntas e manchas avermelhadas pelo corpo no primeiro trimestre da gestação. Na 20ª semana de gravidez, um ultrassom intrauterino apontou o provável caso de microcefalia congênita.

Um mês após o nascimento, a criança foi submetida a exames neurológicos mais detalhados, que apontaram alteração no tônus muscular dos membros superiores e inferiores. O diagnóstico, aliado à irritabilidade, choro contínuo e ao perímetro cefálico de 31 centímetros apontava para um quadro de microcefalia severa.

Aos seis meses, o menino deu entrada em um hospital da capital, após recorrentes casos de convulsões. Na unidade de saúde, foram coletadas amostras de sangue e de líquido cefalorraquidiano. Em ambas, foi detectada a presença do vírus zika. “O que chamou a nossa atenção foi que a criança tinha convulsões recorrentes e não apresentava melhora do quadro”, explicou o médico Carlos Brito, pesquisador da Fiocruz. Para a neuropedriatra Adélia Henriques, que acompanhava o bebê, estava claro que existia persistência viral.

As crises continuaram e, com a idade de um ano e cinco meses, novas amostras foram coletadas. O resultado foi positivo para o vírus zika novamente. “Pelo sequenciamento, foi possível determinar que se trata da mesma infecção, que 17 meses depois, ainda existia no sistema nervoso”, explica Carlos Brito.

Para ele, a descoberta preocupa por dois motivos. “Primeiro, porque precisamos saber se a presença do vírus por tanto tempo poderia estar perpetuando os danos, justificando a persistência dos sintomas. Segundo, porque não se sabe se uma pessoa é capaz de servir de reservatório para a doença. Assim, se ela fosse picada por um vetor, poderia transmitir a outras pessoas. Essas são apenas hipóteses. É preciso ampliar os estudos para obter essas respostas.”

ROTA

Outro estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz e divulgado na semana passada lançou luz sobre a chegada do vírus no Brasil. Os resultados mostraram que o zika, originário da Polinésia Francesa, migrou para a Oceania, Ilha de Páscoa e depois para a América Central e Caribe antes de chegar ao País. É provável que ele tenha sido trazido por militares em missão de paz e imigrantes ilegais vindos do Haiti.

Amanda Rainheri

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