O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, vão se encontrar na próxima terça-feira, para discutir possíveis reformas na zona do euro. Durante o encontro, que ocorrerá em Paris, os dois líderes farão propostas conjuntas para melhorar a governança do bloco, diante da recente desconfiança do mercado sobre a habilidade de seus líderes para lidar com a crise da dívida.
A reunião foi marcada nesta quinta-feira, em meio a rumores sobre um possível rebaixamento dos títulos da dívida francesa, que acabaram invertendo, nessa quarta-feira, o movimento de recuperação nos mercados financeiros globais.
Segundo a presidência francesa, Sarkozy e Merkel também discutirão “outros assuntos internacionais”.
As principais bolsas europeias ficaram voláteis nesta quinta-feira, mas fecharam o dia com altas de cerca de 3% – justificadas principalmente pelo anúncio do encontro entre Merkel e Sarkozy.
No Brasil, a Bovespa fechou o dia em alta de 3,79%, a 53.343 pontos, recuperando a baixa dos últimos dias, principalmente após o rebaixamento da dívida americana, na sexta-feira.
A bolsa de Nova York também teve bons resultados, surpreendendo o mercado: o índice Dow Jones subiu 3,94%, enquanto o Nasdaq fechou em alta de 4,69%.
Punição
O órgão regulador do mercado francês anunciou que vai investigar e punir os responsáveis pelos rumores sobre um possível rebaixamento dos títulos da França.
Nesta quinta-feira, Sarkozy voltou a negar os rumores, e as ações de empresas da França se recuperaram, após registrarem perdas expressivas no dia anterior. Os papéis do banco Société Générale foram os mais atingidos, com baixa de 14,47%.
O fato de os bancos franceses serem alguns dos maiores credores de países com alto endividamento na zona do euro explica a preocupação dos investidores, segundo analistas ouvidos pela BBC.
‘Mais difícil’
Em Londres, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, disse que a crise global mostra que a recuperação pode levar mais tempo do que o esperado.
“A História nos ensina que a recuperação nesse tipo de recessão sempre foi difícil – e alertamos que nesse caso ocorreria o mesmo”, disse Osborne.
“Mas o mundo inteiro se deu conta que os mercados estão acordando para esses fatos e isso é o que torna o momento em que vivemos o período mais perigoso para a economia global desde 2008.”
Itália
Além da situação complicada na França, a Itália também enfrenta problemas. O ministro das Finanças da Itália, Giulio Tremonti, afirmou ao Parlamento que haverá cortes no orçamento do governo, privatizações e aumento de impostos.
As medidas são parte de um programa para convencer o Banco Central Europeu de que a Itália está controlando seus débitos. O órgão anunciou no domingo que iria irá comprar títulos do país, assim como da Espanha, na tentativa de conter a crise financeira.
Tremonti não deu muitos detalhes sobre as exigências do Banco Central Europeu. “Se eu puder ser um pouco mais específico sobre as recomendações que vêm de fora, elas dizem respeito tanto à questão do crescimento como ao lado da dívida pública.”
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi teve uma reunião de emergência com Tremonti e com o presidente do país, Giorgio Napolitano, para avaliar a eficácia das medidas contra a crise.
Berlusconi também se encontrou com Mario Dragui, o futuro diretor do Banco Central Europeu.
O grande temor na Europa é o de que a crise da dívida soberana de se espalhe pela zona do euro.
A crise já atingiu Grécia, Portugal e Irlanda (países que receberam ajuda financeira), e os investidores temem que a turbulência chegue à Itália e à Espanha, onde o custo da dívida pública também aumentou na última semana.
Por BBC