Uma rede formada por nove ONGs, grupos informais, igrejas e movimentos socais realiza, neste sábado (19), um mutirão para atender pessoas em situação de rua no Recife. A ação chama a atenção para a necessidade de construir um abrigo noturno para essa população que representa a fatia de 2 mil pessoas sem lar na capital pernambucana.
Os dados correspondem a um levantamento feito em 2014 pelo Serviço Especializado em Abordagem Social. Nele, foi constatado que 770 pessoas demandam acolhimento em abrigo. A maioria desse número é do sexo masculino, em fase adulta e desenvolvendo alguma atividade remunerada durante o dia. “O dado é de 12% que pede esmola. Ou seja, a maioria está fazendo alguma atividade”, pontuo o voluntário Igor Sasha.
O evento conta com atendimento médico, odontológico e estético, além de retirada de documentos e consulta com as defensorias públicas do estado e da União. O mutirão, realizado pelo coletivo Unificados pelas Pessoas em Situação de Rua, ocorre na Praça do Arsenal, na área central do Recife. Ele marca o Dia Nacional de Luta do Povo da Rua. Os serviços estão disponíveis até as 14h deste sábado.
Uma fila se formou logo cedo para receber os serviços e um café da manhã especial. “Pelo menos alguém lembrou da gente. O dia está mais feliz agora”, disse Dagmar Lemos, que está, atualmente, desempregado.
A ação ainda conta com a distribuição de kit para higiene bucal e roupas. Os animais que acompanham os moradores de rua também foram lembrados. Eles são recebidos com ração e carinho.
A idealização do abrigo noturno prevê áreas separadas para pessoas do sexo masculino e feminino. De acordo com o coletivo, ele está previsto no Plano Municipal de Atendimento a Pessoas em Situação de Rua. Contudo, o projeto ainda não foi aprovado na Câmara de Vereadores do Recife.
“É o amor ao próximo que justifica essa vontade de tornar essa população mais visível para a população como um todo”, comentou Rafael Araújo, voluntário.
Em nota, a Prefeitura do Recife informou que todas as 11 casas de acolhimento funcionam 24 horas e que oito delas atendem pessoas em situação de rua. Já sobre o abrigo noturno, a administração municipal disse que o projeto está em fase de estudos e elaboração para fazer uma intervenção no abrigo emergencial da Travessa Gusmão, no bairro de São José, área central da capital. A ideia é que o espaço funcione também como um abrigo noturno. Porém, a prefeitura não estipulou prazo para isso.