Em meio às polêmicas da missão naval italiana em águas da Líbia, o enviado especial das Nações Unidas para gerir a crise no país africano, Ghassan Salam, elogiou as medidas tomadas pelos governos de Roma e Trípoli nesta terça-feira (8).
“Sei que existiram discussões na Líbia, mas acredito que a cooperação e a transparência entre a Itália e a Líbia estão da maneira mais construtiva possível por resultados. Estamos na estrada certa neste setor para tratar de um desafio que se envolve a todos”, ressaltou o enviado da ONU em coletiva em Roma.
A missão naval italiana tem como objetivo ajudar no monitoramento na rota central de imigração no Mar Mediterrâneo para localizar e impedir o tráfico de pessoas. O texto aprovado pelo governo e pelo Parlamento italianos preveem um trabalho em cooperação com a Guarda Costeira do pequeno país do norte da África.
Eles patrulharam uma rota marítima que há anos é o caminho mais utilizado pelos traficantes para transportar milhares de deslocados em pequenos barcos dos portos líbios até as ilhas italianas.
No entanto, apesar de ter sido acertada com o premier líbio, Fayez al-Sarraj, líderes do país criticaram a missão, alegando que ela violava a soberania do governo. Além de um conflito interno sangrento, que ocorre desde 2011, a Líbia está muito fragmentada politicamente e vive sob um governo de “unidade nacional”.
Rival de al-Sarraj, o general Khalifa Haftar, que tem suas tropas em uma grande área ao leste do país, chegou a ameaçar um bombardeio contra os navios italianos. Ao ser questionado sobre Haftar, o representante da ONU afirmou que “seria pouco realista ignorar a força” que o general tem “sobre partes do povo líbio”.
O enviado das Nações Unidas foi à Itália para reuniões com o governo de Roma e, ao lado dele durante a coletiva, estava o chanceler italiano Angelino Alfano. O ministro das Relações Exteriores cobrou que as negociações da paz no país do norte da África seja “liderada pela ONU”.
“Serve uma reductio ad unum dos formatos das negociações na Líbia e a ONU precisa tomar a liderança. Até hoje, houve muitas negociações, muitos negociadores e zero resultado final”, disse Alfano.
Ex-colônia italiana, a Líbia vive em crise desde 2011, após a queda do ditador Muammar Khadafi. Desde então, o país sofre com um conflito civil, territorial, político e econômico, que aumentou a crise migratória até a Itália.
“A crise líbia precisa estar no topo da agenda política internacional. É claro para todos que existem as ameaças norte-coreanas, o relacionamento entre EUA-Rússia, a Ucrânia, o Iêmen e o status ‘não finalizado’ da Síria. Há tantos problemas, mas a instabilidade política da Líbia não é uma partida de série B, mas uma prioridade absoluta”, ressaltou ainda. Com informações da ANSA.