‘Os Guardiões’ é tentativa cara de pau de criar Vingadores russos

Os filmes russos que costumam chegar ao circuito comercial brasileiro normalmente passam por festivais e vão para poucas salas, em ações de pequenas distribuidoras ligadas ao cinema de arte. Assim, a chegada de um filme comercial russo, blockbuster por lá, é, no mínimo, algo curioso.

Mas “Os Guardiões” não sobrevive além da curiosidade. Tentativa bem cara de pau de criar uma espécie de Vingadores russos, o filme é ruim. Na verdade, chega a ser constrangedor. O projeto do governo soviético para a criação de super-homens durante a Segunda Guerra Mundial foi abandonado desde os anos 1950. Mas um dos cientistas, ele mesmo transformado em uma supercriatura, reaparece 60 anos depois para ameaçar o mundo.

Uma russa linda e péssima atriz recebe a missão de recrutar outros mutantes do projeto, que não envelhecem e estão hoje espalhados por cantos do país, escondidos. Assim, ela recruta um quarteto, três russos fortões, péssimos atores, e uma russa também linda, também péssima atriz.

Um deles move pedras com a mente. Outro se transforma num urso gigante. O terceiro é superveloz e domina artes marciais, uma espécie de Punho de Ferro misturado com Flash. E a garota fica invisível, o que já sustentaria um processo movido pelo Quarteto Fantástico.

Claro que o supervilão é muito mais poderoso do que qualquer um deles, e até uma criança de sete anos sabe que a úncia chance deles é reunir seus superpoderes para combater o inimigo. Mas, até que os mocinhos descubram isso, o filme tem alguma reviravolta, muita enrolação e alguns dos diálogos mais ridículos da temporada.

As frases são tão sofríveis, tudo é tão clichê, que só falta aparecer na tela os balões utilizados na representação de diálogos nos quadrinhos. Há agravantes. O filme foi rodado em russo, para consumo interno. Para a distribuição internacional, os atores são dublados em inglês. Somado ao absurdo de algumas cenas, isso ganha ares de comédia, fica difícil não rir.

Mas “Os Guardiões” é um filme feito com recursos. Tem bastante dinheiro na produção, embora os truques visuais às vezes não escapem de soluções toscas. É um pouco como assistir a novelas bíblicas na Record. A ideia de começar uma franquia para esses personagens fica evidente na conclusão do longa. Isso parece mais ameaçador do que o risco do supervilão destruir o planeta.

Para não deixar dúvidas sobre suas intenções, os produtores incluíram uma cena extra exibida durante os créditos finais, já mostrando desdobramentos do que deverá ser o segundo filme dos Guardiões. Um recurso que a Marvel criou há muito tempo.

Na tentativa de ser algo parecido com os Vingadores do cinema desses anos recentes, o filme russo lembra mais os Vingadores do quadrinhos dos anos 1960, com histórias simplórias, ingênuas, muito antes de os quadrinhos da Marvel ganharem alguma maturidade.

“Os Guardiões” não serve nem para crianças menores, que poderiam se empolgar com as lutas dos heróis, mas certamente reclamariam de muita falação. Assim, só vale para um tipo muito peculiar de espectador: os fãs de “trash movies”. A turma do “quanto mais lixo melhor”.

OS GUARDIÕES

(Zashchitniki)

DIREÇÃO Sarik Andreasyan

ELENCO Valerya Shkirando, Alina Lanina, Sanzhar Madiyev

PRODUÇÃO Rússia, 2017, 12 anos

AVALIAÇÃO ruim

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