Um esquema de tráfico de drogas e de armas de fogo é alvo de uma operação da Polícia Civil de Pernambuco, desencadeada nesta quinta-feira (21). Dos 14 mandados de prisão preventiva emitidos pela Justiça, cinco foram para detentos do sistema prisional. Segundo os investigadores, os arremessos de drogas e armas de fogo para dentro do Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife, eram planejados de dentro do presídio.
“Durante as investigações, cinco pessoas foram presas, dentre elas um dos líderes. Ele, de dentro do presídio, recebia drogas e armas que eram arremessadas”, detalha o chefe da Polícia Civil, delegado Joselito Kehrle do Amaral.
Denominada ‘Gol’, a operação é fruto de uma investigação da 12ª Circunscrição Jardim São Paulo, da Diretoria Integrada Metropolitana, sob a chefia da delegada Maria Antonieta. “O detento que coletava esse material era chamado de goleiro, daí o nome da operação”, explica o delegado. A Justiça emitiu ainda oito mandados de busca e mandados e apreensão domiciliar.
Em depoimento, um dos presos na operação relatou que o tráfico acontecia do lado de fora da unidade prisional, mas que um dos líderes estava preso e precisava “sobreviver” dentro do complexo e, por isso, orquestrou o esquema. “Um dos cinco alvos que estava do lado de fora [do presídio] foi preso hoje relata que, diariamente, fazia arremesso para dentro do sistema prisional. Em cada arremesso, ele recebia em torno de R$ 300 a R$ 500, dependendo do volume”, detalha Kehrle.
Apreensões
Até outubro deste ano, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) já havia retirado 70 armas de presídios do estado. No ano passado, os agentes penitenciários localizaram 50 revólveres e pistolas. Em relação a 2015, o número de apreensões feitas em 2017 é ainda maior. Naquele ano, foram localizadas 21 armas.
No Presídio Juiz Antônio Luiz Lins de Barros (PJALLB), que integra o Complexo do Curado, até setembro deste ano, a Seres recolheu 29 armas de fogo. Na unidade, um detento de 35 anos foi assassinado na noite do dia 20 daquele mês. Em seguida, os agentes localizaram uma pistola Taurus calibre 380.
O Complexo do Curado teve problemas constatados por uma comitiva da Organização dos Estados Americanos (OEA) durante inspeção realizada em junho de 2016. Representantes de organizações que denunciaram a situação do presídio apontaram ainda a permanência de violações dos direitos humanos, apontadas desde 2011, por um grupo liderado pela Pastoral Carcerária do Estado.
Os presos e os materiais apreendidos são encaminhados para a sede do Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), no bairro de Afogados, no Recife.
Por G1 PE