Servidora do INSS falsificava vínculos entre mortos e beneficiários para forjar pensões em Pernambuco, diz PF

A servidora pública investigada pela Polícia Federal (PF) na “Operação Calabarismo”, deflagrada nesta segunda-feira (2) no Grande Recife, é suspeita de falsificar certidões e contratos de união estável entre beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que faleceram para conceder pensões pós-morte irregularmente.

Segundo a corporação, ela inseria dados falsos no sistema de concessão de benefícios do instituto quando verificava que os mortos não tinham dependentes. A polícia ainda não tem o número exato de pessoas que foram beneficiadas pela organização criminosa.

De acordo com o delegado Orlando Neves, os benefícios investigados são relativos aos anos de 2014 e 2015. As 17 pessoas alvos de mandados de intimação, nos bairros do Pina e da Iputinga, na Zona Oeste e em Camaragibe, no Grande Recife, tiveram as pensões canceladas após procedimento instaurado pelo próprio instituto, no início das investigações.

“Os beneficiários sequer conheciam as pessoas de quem ‘herdavam’ os benefícios. No sistema do INSS, quando algum beneficiário morria e não deixava dependentes, a servidora forjava um vínculo, seja de filho ou de companheiro. O mais fácil era falsificar contrato de união estável, por exemplo”, disse Orlando.

Foram emitidos cinco mandados de busca e apreensão e 17 mandados de intimação. A servidora do INSS, lotada na agência do instituto no Pina, na Zona Sul do Recife, havia sido suspensa e, na Operação Calabarismo, foi afastada das atividades e pode ser presa, caso haja comprovação das fraudes ao fim do inquérito policial.

A “Operação Calabarismo” foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (2), para combater fraudes na concessão de pensões pelo INSS. São investigados crimes como estelionato contra entidade de direito público e inserção de dados falsos em sistema de informações, cujas penas, somadas, ultrapassam 17 anos de reclusão.

Operação Tabocas

No dia 26 de março, foi deflagrada a “Operação Tabocas”, contra uma servidora do INSS em Vitória de Santo Antão, na Mata Norte do estado, e integrantes de uma quadrilha que agiam de forma parecida com a organização investigada nesta segunda. De acordo com a corporação, a mulher possui imóveis em nomes de filhos e parentes, com uma renda que não condiz com o patrimônio.

Segundo o delegado Renato Madsen, da Delegacia Regional de Investigação ao Crime Organizado, a quadrilha investigada atuava em três instâncias. A primeira era por servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), responsáveis por inserir dados falsos para concessão dos benefícios.

A segunda instância se dava por intermediários, que levantavam os dados e mediavam o contato entre os servidores e os beneficiários e, por fim, os próprios beneficiários, que davam parte do valor concedido à organização criminosa.

Por Pedro Alves, G1 PE

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