Enquanto tentam reverter o prejuízo previsto com a nova legislação trabalhista, os sindicatos brasileiras lidam também com a perda de associados, provocada pela crise econômica. De acordo com o IBGE, o número de pessoas sindicalizadas no país caiu 7,5% em 2016. Isso significa que 1,37 milhão de pessoas se desfiliaram de seus sindicatos.
Os dados constam do estudo “Características adicionais do mercado de trabalho brasileiro 2012-2016”, divulgada nesta quarta-feira (18), com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
O estudo mostra que o percentual de pessoas associadas a sindicatos entre os brasileiros que trabalham ou já trabalharam permaneceu praticamente estável entre 2012 e 2015, sempre acima dos 13%. Em 2016, foram apenas 12,1%.
“Com a queda na ocupação, houve reflexos para a sindicalização”, comentou a analista do IBGE Adriana Beringuy.
A perda de associados é um problema adicional para os sindicatos brasileiros, que podem perder até R$ 3 bilhões com a reforma trabalhista, que entra em vigor no próximo mês transformando o imposto sindical em contribuição voluntária.
O problema afeta principalmente as centrais sindicais, que em alguns casos sobrevivem exclusivamente desse repasse.
A queda na sindicalização é mais intensa entre os homens: em 2016, 9,15 milhões (ou 13,5%) eram associados a sindicatos, uma redução de 10% com relação ao verificado no ano anterior.
Já entre as mulheres, a queda foi de 4,2%, para 7,7 milhões de pessoas.
Adriana diz que a crise na indústria, que emprega mais homens, pode explicar o fato. “A indústria foi um dos setores que mais demitiram desde o início da crise”, disse ela.
A indústria é o segundo setor em que há maior índice de sindicalização (15,2% das pessoas são filiadas), atrás apenas de educação, saúde humana e serviços sociais (18,5%).
FORMALIZAÇÃO
O estudo mostra também que a crise levou um número maior de brasileiros a buscar trabalho por conta própria e como empregadores, mas de maneira formal.
O contingente de pessoas ocupadas por conta própria ou como empregadores em empresas com registro no CNPJ chegou a 7,7 milhões em 2016 (28,9% do total), 2 milhões a mais do que em 2012 (5,7 milhões, ou 23,9% do total).
Esse número cresceu em todos os anos da pesquisa, com destaque para os setores de construção, de alojamento e alimentação e de outros serviços, que inclui prestadores como cabeleireiros.
“Ainda que a crise iniba a formalização, pode ser que a maior facilidade no acesso ao CNPJ tenha ajudado no processo”, comentou a analista do IBGE.
FORMALIZAÇÃO
Houve crescimento também no número de trabalhadores empregados em estabelecimentos de pequeno porte, com até cinco funcionários, o que indica ainda a opção por abrir empresas para prestar serviços formais.
Pela primeira vez na série histórica iniciada em 2012, o contingente ocupado nesse tipo de empresa superou a marca de 50% da população ocupada no setor privado, excluindo domésticos. Foram 50,1%, ante 48,1% no ano anterior e 46,7% em 2012.
Já o contingente em grandes empresas, com 51 funcionários ou mais, caiu de 29% em 2015 para 28% em 2016.
“Pode ser um indicativo de que empregadores que estão se formalizando o fazem com a abertura de empresas de pequeno porte”, diz Beringuy. Com informações da Folhapress.