O governo federal irá utilizar a CPI da JBS como linha auxiliar de ataque do presidente Michel Temer à segunda denúncia contra ele por obstrução judicial e organização criminosa.
O Palácio do Planalto mobilizou a tropa de choque governista a se revezar a partir desta semana na CPI e na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que analisará a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
A estratégia, citada em reunião neste domingo (24) entre o peemedebista e líderes do governo, começará a ser colocada em prática na terça-feira (26), quando o procurador Ângelo Goulart Villela deve falar na CPI.
O objetivo é direcionar o depoimento do procurador para que ele relate os métodos adotados pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot na negociação de acordos de delação premiada, em especial o do empresário Joesley Batista.
A base aliada tentará obter de Villela declarações que indiquem que o ex-procurador-geral pode ter pressionado delatores a prestar informações sobre alvos que sua equipe pretendia investigar.
Com isso, o governo federal espera fortalecer a narrativa da defesa de Temer, que afirma que Janot perseguiu Temer e direcionou as delações da JBS.
“Tudo o que veio do ex-procurador-geral não merece crédito, não tem credibilidade. A denúncia é uma peça absurda”, criticou à reportagem o novo advogado do presidente, Eduardo Carnelós.
Villela disse em entrevista que Janot “tinha pressa” para denunciar Temer e barrar a indicação de Raquel Dodge como sua sucessora no comando da PGR.
O procurador chegou a ser preso na esteira da delação da JBS, acusado de ter recebido propina para repassar à empresa informações sigilosas sobre as investigações. Ele está afastado do Ministério Público Federal.
“Confesso que estou curioso e ansioso em interrogá-lo. Até porque considero absurdo alguém ficar tanto tempo preso sem ter sido sequer ouvido”, disse o relator da CPI da JBS, Carlos Marun (PMDB-MS).